No mês de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, município realiza peças teatrais para alertar sobre o tema

  • Nos quatro primeiros meses de 2023, foram 9.613 vítimas. Duas delas em Independência. O último caso, denunciado na última semana.

    Assunto: Assistência Social  |   Publicado em: 19/05/2023 às 12:38   |   Imprimir

O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, 18 de maio, reforça a necessidade de seguir no combate contra todos os tipos de violência contra crianças e adolescentes.

A data foi escolhida para homenagear uma das vítimas desta atrocidade, a pequena Araceli Cabrera Crespo, com 8 anos na época, em 18 maio de 1973, foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada no Espírito Santo.

“Desde o ano 2000 a data tornou-se um marco. Mas na verdade, não podemos fazer o enfrentamento contra esses abusos, apenas nessa data”, enfatizou a conselheira tutelar em Independência, Ivone Inês Bonapaz.

Esse tipo de crime é muito mais recorrente do que se possa imaginar; é o terceiro no ranking mundial.

No Brasil, a cada dia, 80 crianças e adolescentes sofrem algum tipo de violência sexual -- física e/ou psíquica, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).

Nos quatro primeiros meses de 2023, foram 9.613 vítimas.

Duas delas em Independência. O último caso, denunciado na última semana.

Ivone é conselheira tutelar há três anos, e antes, por trinta anos, foi professora.

O convívio com as crianças na escola pode ser um ambiente para observar a mudança no comportamento das vítimas, o que denuncia possíveis abusos.

Dos dois casos, registrados em 2023, em Independência, um chegou através de uma professora ao conselho tutelar.

“Quando eu atuava como professora, podia ver mudanças no comportamento das crianças. Já me deparei com situações assim”, relata a conselheira tutelar.

Em Independência, o Centro de referência em Assistência Social (Cras), acolhe as vítimas e a família, além de desenvolver trabalhos preventivos, explica a coordenadora, Daniele Giovelli.

“O Cras trabalha no sentido de prevenção. Trabalha com famílias em situações de risco e vulnerabilidade”, explica a coordenadora.

No Brasil, os números do problema são alarmantes; 61,3% dos estupros registrados no Brasil são contra menores de 13 anos.

Quatro meninas de menos de 13 anos são estupradas por hora no Brasil.

82% dos abusadores são conhecidos da vítima.

76,5% dos casos acontecem dentro de casa; 1%, na escola.

85,5% das vítimas são do sexo feminino.

De quatro a 8 anos é a faixa etária da maioria dos meninos vítimas de violência sexual.

10 a 14 anos é a faixa etária da maioria das meninas vítimas dessa violência.

10% dos casos são denunciados, segundo estimativas, e

3.651 pontos de exploração sexual infantil foram mapeados no Brasil em 2020.

“O abuso e a exploração sexual são situações silenciosas e cruéis de violência. Geralmente é praticado por pessoas próximas às vítimas”, alerta Daniele Giovelli, Coordenadora do CRAS em Independência. 

Na próxima semana, duas apresentações teatrais abordarão o tema na cidade. O evento acontecerá no Centro de Tradições Gaúchas, e atenderá crianças da primeira infância, as demais crianças e adolescentes.